segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ciúme

Eu tinha 9 anos quando a gente se encontrou: o Ciúme e eu.
Era verão. Eu dormia no mesmo quarto que a minha irmã. A janela estava aberta.
De repente, sem nem saber direito se eu estava acordada ou dormindo, eu senti direitinho que ele estava ali: entre a cama da minha irmã e a minha. A noite não tinha lua nem tinha estrela; e quando eu fui estender o braço para acender a luz, ele não quis:
“Me deixa assim no escuro.”
Que medo me deu.
Senti ele chegando cada vez mais perto. Fui me encolhendo.
“Pega a minha irmã” eu falei. “Ali, ó, na outra cama. Eu sou pequena e ela já fez 14 anos, pega ela. Ela é bonita e eu sou feia; o meu pai, a minha mãe, a minha tia, todo mundo prefere ela: por que você não prefere ela também?”
Mas o ciúme não queria saber da minha irmã, e eu já estava tão espremida no canto (a minha cama contra a parede) que eu não tinha mais pra onde fugir, então eu pedia e pedia de novo:
“Ela é a primeira da turma e eu tenho horror de estudar, olha, ela ta logo ali; e ela é tão inteligente pra conversar! Ela diz poesia, ela sabe dançar, o meu pai ta ensinando inglês e francês pra ela e diz que pra mim não vale a pena porque eu não presto atenção, então você pensa que eu não vejo o jeito que o meu pai olha pra ela quando todo mundo diz que encanto de moça que é a sua filha mais velha? Pega, pega, PEGA ela!”
“Não. Eu quero você.”
E o Ciúme disse aquilo com uma voz calma que eu fui me acalmando. E o medo meio que foi passando.
“Bom” eu acabei suspirando “pelo menos alguém gosta mais de mim do que dela.”
E aí o vento do mar entrou pela janela, soprou o Ciúme e apagou ele feito vela.
NUNES, Lygia Bonjuga. A troca e a tarefa. In Tchau. Rio de Janeiro: Agir, 1985. P.51.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Crônica

Coma no Porcão! E ganha uma máscara!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
Confirmado caso de gripe no Peru. Isso é lugar de ter gripe?! E Curintia campeão! O duro é agüentar corintiano buzinando. Eu nem sabia que corintiano tinha carro!
Salve o Corinthians. Salve-ME do Corinthians. E sabe por que a taça pegou fogo? Porque tava cheia de cachaça! Rarará! E agora no Corinthians é assim: não adianta outro fazer gol, a vitória é sempre do Ronaldo! E a comemoração foi bem corintiana:INCÊNDIO, BALADA E PANE! Bem filme trash. Hoje, no Cine Saci! Vitória Macabra! Incêndio, Balada e Pane. EM 3D!
E o Gornaldo? Viva o Gordômeno! O Shrek do timão! Ele ta parecendo o porquinho da gripe. E uma corintiana escreveu no MSN: ”Eu amo o gordo”! e um outro escreveu: ”Campeão inviquio”! rarará!
E a gripe suína mudou de nome. Agora é gripe influenza A. AHHHHH! Diz que é em respeito aos porcos. Engraçado, com as galinhas não tiveram esse respeito. Continuou gripe aviária. As galinhas não tiveram o mesmo tratamento! E a bombástica promoção: “Almoce no Porcão e ganhe uma máscara”! e o site Comentando lança a novela global da gripe suína: PORQUINHOS DA ÍNDIA! Com a Juliana Paes espirrando em todo mundo. E os mexicanos são os dalits, os intocáveis!
E os mexicanos já tão fazendo piada! Diz que no México tem a foto de um porquinho escrito em baixo: “Não Fui Eu!”. E vocês viram a foto daquele mexicano que, não tendo máscara, botou uma cueca na cara? É verdade! Espirra na cueca! Rarará!
E essa notícia: ”Maranhão decreta estado de calamidade”. Já?! Foi só a Roseana assumir que decretaram estado de calamidade? É automático? E eu falei que gripe suína é um monte de palmeirense gripado. Só que torcer pro Palmeiras dá mais dor de cabeça que a gripe! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe. Ou, como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
Antitucanês Reloaded, a missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha “Morte ao Tucanês”. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Saudade (SC), tem uma boate na rua do cemitério que se chama esqueleto dance! Mais direto, impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil! E atenção! Cartilha do Lula.
Mais um verbete pro óbvio lulante. “Laticínio”: roubo de leite seguido de morte. Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã! Que vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E vai indo, que eu não vou!
José Simão. Folha de São Paulo, 05 de maio de 2009.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

É hora de pensar nessa nova etapa

Passada a primeira parte do primeiro semestre, tá na hora de pensar essa próxima metade (os planos, o que fiz até agora) e só pra ficar antenado http://super.abril.com.br/home/